Aproveitando a carona do Xexéo, podemos falar um pouco mais sobre estimativas.
Qualquer pessoa que trabalhe em projetos sabe a dificuldade que reside em estimar. Muitas vezes ouvimos que tal dificuldade advém do fato da empresa ou organização não possuir um bom histórico de seus projetos ou não ter adotado nenhuma métrica anteriormente. De certa forma, a principal técnica usada no Scrum, pontos de história, ajuda bastante nesses aspectos.
Quando adotamos a “escala” mais usada, baseada na série de Fibonacci, trabalhamos por comparação, sem guardar relação direta com o relógio ou calendário, mas somente avaliando as atividades previstas, cada uma em relação às demais.
Tenho passado boa parte de meu tempo como professor ensinando aos meus alunos modelagem conceitual, onde o principal fundamento é a abstração. Observando a dificuldade inicial dos alunos em descobrir o grau de abstração necessário à construção de seus modelos, me arrisco a dizer que no caso do Scrum, romper a ligação direta entre a estimativa e mecanismos temporais é uma técnica de abstração que realmente facilita o trabalho.
Usando essa técnica, após poucas sprints – períodos de trabalho no Scrum – temos uma velocidade confiável calculada para a equipe, o que praticamente elimina os erros de estimativa. Resumindo, usando o Scrum, em pouco tempo conseguimos superar o fato de não termos mantido históricos de projetos ou adotado métricas na organização. Podemos até dizer que com essa técnica do Scrum reduzimos a complexidade do processo de estimação separando o problema em dois, usando o clássico princípio de dividir para conquistar: Num momento, calculamos a pontuação e num segundo momento, a velocidade do time.
Não quero afirmar com isso que essa técnica seja a única responsável pelo sucesso com estimativas no Scrum. Dentre outros aspectos do Scrum, o planejamento colaborativo, com a participação da equipe e do P.O., dando legitimidade à carga de trabalho alocada para uma sprint, e a transparência implícita trazida pela “metodologia”, dando total visibilidade sobre o produto sendo desenvolvido, contribuem também para o acerto nas estimativas.
Temos tido bastante sucesso nos nossos projetos usando esse caminho. É hoje muito difícil nos decepcionarmos com alguma estimativa. E a sua experiência? Tem sido boa?
Em resposta ao questionamento “e a sua experiência? tem sido boa?”, confirmo que, rapidamente, se obtém um bom conhecimento sobre adequadas estimativas no Time e me permito acrescentar que isso, também rapidamente, destrói qualquer membro mais preguiçoso, menos comprometido, “nó-cego”, egoísta em compartilhar ou mesmo mentiroso. A plena visibilidade faz emergir a necessidade de plena confiança…e confiança não é um valor muito tratado em diversas metodologias de desenvolvimento. Se a maturidade permitir, o Time deslancha! 😉
Cláudio,
acho que você tocou num ponto super importante: equipe Scrum não tem espaço para enrolador! 🙂
Normalmente, se tudo andar bem no time, o enrolador literalmente pede para sair. Quando isso não acontece e a chefia não percebe, a equipe pede para ele sair… rsrs
Isso é mais uma das inúmeras vantagens do Scrum. O comprometimento que brota da equipe e a transparência que surge com o uso do Scrum mudam a forma de trabalho. Não só ajudam a aumentar a produtividade, mas tornam o trabalho mais agradável, pois todos se sentem literalmente no mesmo barco, remando no mesmo ritmo.
Oi Leonardo,
visto a sua reação, acredito que as coisas não estejam sendo tão fáceis. Para tentar aliviar um pouco a frustração, aí vão alguns lembretes:
1- O Scrum é um framework e, portanto, perrmite a sua adequação a diferentes necessidades de projetos. Flexibilidade e adaptação são chaves, inclusive para o próprio framework;
2- Mudança sempre demanda algum esforço. Talvez valha a pena investir um pouco em gestão de mudanças; e
3- Finalmente, lembre-se: "O Cliente tem sempre razão".
Obrigado pelas palavras gentis e volte sempre. Mantenha-nos informado sobre a sua aventura.
Um abraço,
Rodrigues.
Em primeiro lugar quero dizer que é uma honra compartilhar ideias e experiência com dois grandes professores, no qual tive oportunidade de conhecer e aprender muito com ambos.
Como grande entusiasta do métodos ágeis e atualmente implementando o framework do scrum na elaboração de projetos (fase de análise) ainda vejo como a cultura de ensinada a anos sobre uma “data final” para entregar algo ainda é o mais importante do que o produto funcionando e trazendo valor a organização.
Tenho visto inclusive, profissionais modificando o scrum e adicionando nele conceitos empregados no modelo cascata só para agradar a falta de abstração do cliente em entender essa “mudança” nas entregas entre as duas metodologias.
Parabéns pelo blog e postarei mais informações durante essa empreitada que estou atualmente …
Leonardo Sant’Anna – CSM