Um dos principais desafios na implantação do Scrum é “convencer o povo”.
Quando ministro palestras sobre o tema, tenho a oportunidade de ver isso na expressão de algumas pessoas.
É normal demonstrar alguma incredulidade ou ceticismo inicial. A questão é que o Scrum “incomoda” um pouco, pois nos faz aplicar práticas que deveriam fazer parte de qualquer tipo de projeto, ágil ou não. Mas também existem aqueles super otimistas, são 95% de vontade, 5% de apoio.
Segundo uma pesquisa, os maiores índices de dificuldades na adoção aos métodos ágeis são mudança de cultura e resistência à mudança.
Normalmente em reuniões ouço coisas do tipo:
– “Eu não fiz uma lista de requisitos priorizados e detalhados, pois no começo do projeto não íamos usar Scrum”?
– “Meu cliente não tem disponibilidade para tirar dúvidas do time”
Como disse antes, essas são práticas que deveriam estar presentes em qualquer projeto.
Mas como trazer meu cliente, gestores e demais stakeholders para o “lado ágil da força”?
1) Leve alguém que conhece o assunto para conversar com seu cliente.
Sabe aquela coisa que seu filho ou você quando era criança fazia pra conseguir dormir na casa de um primo ou amiguinho?
– “Tia … fala com o meu Pai pra ele deixar eu ir? Se você falar ele deixa”.
A ideia é essa, constantemente visito clientes, a pedido dos analistas, mostrando o que significa aqueles 95% de vontade e buscando aumentar aqueles outros 5% de apoio.
2) Mostre resultados
Faça o “Desafio do Iogurte”, com o diz o comercial: “Ficar inchada? Não é normal não”.
Projetos fora do prazo e sem qualidade. Não é normal não.
Inicie um projeto piloto em sua área, faça uma Sprint pelo menos, peça essa chance aos envolvidos no projeto. Uma Sprint de 15 dias já consegue mostrar algum resultado.
A vantagem de se trabalhar com esses time-boxes é que, caso chegue no dia da entrega e o entregável não seja nada que o cliente pediu, você só perdeu 15 dias. Quanto se perde em projetos hoje? 15 meses? R$15.000? R$15.000.000?
Tenho observado na prática, que após mostrar resultados e comparações com os métodos tradicionais os envolvidos tem abraçado a causa.
3) Organize reuniões com pessoas que já estejam utilizando Scrum
Costumamos realizar a cada 15 dias (ritmo de Sprint), uma reunião chamada “Café Ágil”, onde temos tido bastante frequência. O segredo é o café com pão de queijo que servimos antes da reunião, brincadeira. Mas ajuda viu?
Trouxemos temas como TDD, Ausência do P.O durante uma Sprint, Management 3.0, além de buscar pessoas que já tenham finalizado projetos com Scrum. Apresentamos esses projetos sob o título “Cases de sucesso”, incentivando assim aqueles que estão começando o uso do Ágil e o pessoal dos 5%.
Filipe Guedini – Bacharel em Sistemas de Informação, CSM, atuando no ramo bancário há 5 anos com foco em projetos de desenvolvimento de sistema.
Ótimo texto… suas dicas são muito valiosas. E eu ja as presenciei em reuniões. Fazer comparações com coisas simples facilitam o entendimento, principalmente para quem está começando no assunto!
Muito bom artigo Filipe!
Estou concluindo um trabalho monográfico a respeito de Metodologias Ágeis, e posso afirmar que boa parte dos conceitos e entendimento que tenho sobre esse tema adquiri em um curso ministrado por você.
Admito que não é fácil aplicá-los no dia-a-dia e vencer a resistência a mudança e mudar a cultura do dia para a noite. Mas aos poucos e com perseverança chegaremos lá.
Abraço.
Muito legal Filipe. É importante entender que o Scrum “incomoda” e a importância dissso no contexto de mudança da cultura da organização. A dica 3 então é especial. Promovendo um pequeno evento você consegue reunir diversas fontes heterogêneas e aumenta a credibilidade da iniciativa.
Obrigado pela sua participação. 🙂
Muito bom Guedini! Artigo estilo Scrum: simples, prático e divertido!
Boas dicas Filipe. E elas são simples e palpáveis.
No nosso caso, estamos entre a fase do convencimento e a aplicação da primeira sprint. Nosso caminho até aqui foi o seguinte:
Eu, no papel de gerente de projetos, fiz uma apresentação à diretoria, fazendo uma análise dos problemas existentes e apontando sugestões de melhorias, fazendo analogias dessas soluções às possibilidades que o Scrum oferece.
A apresentação plantou a semente, e por isso foi um passo importante. Mas percebi uma falha nisso:
Não defensor do “command-control”, na época, busquei apoio de outras frentes gerenciais, e inclusive outro GP, mas só obtive os 95% de vontade. “Apoio que é bom, nada”, e acabei defendendo a causa sozinho.
Me aprofundando cada vez mais na essência do Scrum, percebi que não faria sentido impor, e sozinho, mudanças tão bruscas na cultura da empresa e em todo o processo.
Scrum é feito PARA todos e POR todos, portanto, se não tem apoio direto do time, será muito difícil implementar alguma mudança que não seja apenas superficial.
O tempo se passou, e a correria do dia a dia aliada ao comodismo, fez com que não conseguíssemos evoluir na implantação, sequer, de alguma técnica diferenciada.
Felizmente, agora contratamos novos membros para o time e estes, com sangue novo, estão interessados, pesquisando e apoiando esta mudança.
Então, agora com mais apoio, estamos montando um workshop para realizar internamente, com toda a equipe envolvida, afim de apresentar conceitualmente o Scrum e assim que estivermos mais familiarizados, o Kanban, a fim de adaptarmos juntos, nosso próprio processo.
Não sei se estamos no caminho certo, mas não custa tentar 😛
E se der errado agora, faremos uma nova análise junto ao time, e partimos para um novo plano 😉
Oi Evandro,
Infelizmente essa é a realidade de muita gente, mas tem uma hora que a coisa engrena e vai que vai.
Se voce quiser de repente podemos marcar um dia pra eu fazer uma visita na sua empresa ou uma palestra quem sabe.
abraços,
Guedini
Ótimo texto para um tema sempre presente, que é o de tirar as pessoas da zona de conforto e coloca-las para fazer aquilo que já deveriam estar fazendo… sempre há uma maneira de sair da inércia, e o texto propõem alternativas simples e que certamente serão eficientes…
A materia ficou bem legal, de forma descontraida foi passada algumas dicas que realmente podem fazer diferença para quem esta iniciando o processo.
Um Grande Abraço ao Filipe.