Mês passado iniciamos aqui no blog uma série sobre a relação que existe entre feedbacks e o desenvolvimento de competências da equipe. A ideia desta sequência de posts é falarmos um pouco sobre a importância de dar um retorno em relação ao desempenho individual de cada membro da equipe, para que, aos poucos e com o apoio de todos, cada um possa buscar e atingir melhorias pessoais que, por consequência, trarão melhores resultados para o projeto e também para a própria equipe.
No primeiro post desta série vimos que, apesar de às vezes não ser o mais buscado, o feedback dos demais membros da equipe de desenvolvimento é um dos mais valorizados por todos. Isso se explica pelo fato das pessoas acharem mais importante saber a opinião daqueles que estão diariamente com a mão na massa, como eles, do que daqueles que estão um pouco mais distantes. Isso não significa que os demais feedbacks sejam menos importantes, não mesmo. A questão é só que os próprios membros da equipe são mais capazes de identificar pontos de melhoria e de auxiliar os outros a enxergar formas de melhorar e aprender outras formas de desempenhar o trabalho em questão.
Visando promover esse tipo de feedback, há um tempo atrás fiz uma atividade na reunião de Retrospectiva em que o objetivo era justamente fazer com que todos falassem de todos. A ideia é que cada membro da equipe, inclusive o Scrum Master, indicasse uma característica positiva e uma negativa sobre todos os outros membros presentes. No caso, nossas Retrospectivas não contam com a presença do Product Owner.
Para tentar avaliar se havia alguma resistência, fiz a atividade Safety Check que comentei no post “Feedback, Motivação e Desenvolvimento de Competências – Parte 1” e sim, havia resistência. Então, comentei que de repente seria melhor deixarmos para outro momento, mas a equipe teve uma atitude legal de conversar sobre o assunto e resolvemos seguir em frente. A atividade foi bem legal e o mais importante foi ver que todos entenderam o objetivo principal daquele momento: o objetivo não é lavar a roupa suja, é ajudar o outro a crescer e se desenvolver! Deixei isso bem claro no início da atividade e gostei de ver que ninguém se desvirtuou desse objetivo. Inclusive, a atividade foi bem aberta para conversas, para cada um explicitar o motivo de levantar determinado ponto e para que cada um pudesse entender o ponto de vista do outro e por que tal característica era vista como positiva ou negativa.
Depois da atividade, cada pessoa recebeu seu feedback para que os assuntos discutidos não fossem esquecidos. Com o tempo, era possível perceber que algumas coisas tinham sim melhorado, outras talvez nem tanto. Mas isso é normal. Não adianta termos a ilusão de que as pessoas mudarão de um dia para o outro. Isso é um processo, que pode ou não precisar do apoio de todos, e que precisa ser acompanhado e motivado sempre que possível.
Uma das coisas mais legais desta atividade foi ver que quem inicialmente mais teve resistência em participar, um tempo depois veio me perguntar quando a dinâmica seria repetida, pois a pessoa queria receber um novo feedback e ver se a opinião dos outros membros da equipe sobre o seu comportamento tinha mudado. Isso demonstra que mesmo que exista um receio inicial, ao perceber que as críticas são construtivas e que existe um ambiente seguro para crescer e melhorar, a pessoa se sente à vontade e estimulada a correr atrás desse crescimento. E isso é algo muito importante!
Infelizmente ainda não conseguimos repetir a dose da Retrospectiva, mas espero que seja possível em breve. Acredito que manter a frequência desse tipo de atividade quando os envolvidos estão abertos a ela, além de provocar melhorias contínuas, ainda mantém a equipe motivada a sempre buscar novas formas de trabalhar e se aprimorar.
No próximo post falaremos sobre mais uma dinâmica. Essa mais voltada para o desenvolvimento de competências em si. Não deixe de acompanhar e contar para gente como as coisas têm funcionado na sua empresa!