A agilidade tem sido usada em muitas organizações com o intuito de aumentar a produtividade, gerar resultados mais rapidamente, reduzir os riscos, etc. Mas infelizmente em muitos lugares o Agile é encarado como um produto mágico que faz tudo funcionar da melhor maneira. Isto é um erro muito comum. O Agile por si só não é garantia de sucesso. Os benefícios que podem ser alcançados com o Agile dependem da forma como ele é empregado. Uma vez empregado de maneira incorreta, os benefícios não aparecerão e o Agile ainda será eleito o “culpado” pelos casos de insucesso, o que pode fazer com que a agilidade se torne apenas mais uma onda no mundo dos projetos.
No post de hoje convido o leitor a uma reflexão sobre alguns equívocos que podem comprometer o futuro do Agile…
Agilidade é um produto de prateleira
O Agile é vendido em muitas situações como um produto de prateleira, no qual basta seguir o “modo de usar” e pronto, seu projeto será um sucesso! Mas a agilidade não é bem assim. Ela é muito mais do que um conjunto de regras, pois envolve o comprometimento da equipe, a confiança, a vontade coletiva de fazer o melhor. Existem muitas ferramentas e cursos que apoiam o desenvolvimento ágil, mas nenhum deles é suficiente para garantir que o comprometimento, a confiança e a vontade estarão presentes. As pessoas precisam estar preparadas para empregar a filosofia ágil, pois são elas que garantirão que estes valores estão se fazendo presentes no dia-a-dia.
Mais “métodos” do que “ágeis”
Um equívoco muito comum é o foco nos métodos ser maior do que o foco na filosofia ágil. Existem profissionais que utilizam métodos ágeis no dia-a-dia, mas que parecem que se lembram da parte dos “métodos” apenas. Estão presos à ordem das cerimônias, das sequências que devem ser seguidas, mas se esquecem dos valores ágeis. Estão mais preocupados com o “como fazer” do que com o “por que fazer”.
Para que as mudanças culturais em torno da agilidade aconteçam é preciso muito mais do que seguir determinado método. É preciso mudar o ambiente de trabalho, a começar pelas pessoas. Sem um ambiente de trabalho propício, sem pessoas preparadas os métodos perdem valor. Uma prática comum em algumas organizações é a de tentar encaixar o Agile dentro de outra filosofia maior, ajustando os métodos ágeis a uma estrutura já consolidada, acreditando que assim poderão usufruir dos benefícios do Agile. Em geral isso não funciona e acaba gerando profissionais frustrados com a agilidade, quando na verdade o problema está na maneira como as pessoas empregaram o Agile.
Eu sou ágil, sei nem por que!
Você já se perguntou por que adota Agile? Infelizmente poucos profissionais se fazem esta pergunta. É importante saber o porquê adotamos agilidade, pois as respostas a essa pergunta nos direcionarão principalmente nos momentos de dúvida. O que mais agrega valor a alguma entrega é muito mais o porquê ela foi feita do que o como ela foi feita.
Em minha opinião, o futuro da agilidade vai depender muito dos resultados que serão alcançados com ela. Portanto, é preciso tomar cuidado com equívocos como os citados neste post, pois eles podem fazer com que a agilidade seja vista como a causa do insucesso de muitos projetos, quando na verdade a causa real seria a ausência dos valores presentes na filosofia ágil. E uma vez que a agilidade seja tomada como a “culpada”, o seu futuro poderá estar com os dias contados, injustamente.