No dia a dia do desenvolvimento dentro das organizações, tipicamente as equipes são obrigadas a conduzirem seu trabalho sobre influência da organização.

Imaginemos uma equipe que acabou de contratar um novo programador e que logo nos primeiros dias, sejam apresentados todos os sistemas, procedimentos, bancos de dados, códigos, ferramentas, comandos, etc. e como resultado final se espera que o novo membro entenda e aplique tudo o que lhe foi passado. É meio complicado, não?

Geralmente é assim que funciona dentro desses processos muito prescritivos, pois possuem um "conjunto mínimo" de boas práticas que a equipe deve implementar logo de início, ou seja, uma avalanche de artefatos, processos e ferramental que cai sobre a equipe para garantir o sucesso do processo e em paralelo, a gestão espera resultados satisfatórios com a nova maneira de trabalho imposta.

Neste ponto, a organização enxerga tais processos como um apoio único para o sucesso do projeto, achando que muita prescrição e ferramental pesado irá trazer a solução para o caos, o que não é verdade. Vamos refletir um trecho do PMBOK que diz: "…Compreender e aplicar o conhecimento, as ferramentas e as técnicas reconhecidas como boas práticas não é suficiente para um gerenciamento eficaz…"

São tantas práticas e algumas podem não ser tão produtivas e/ou eficazes para garantir o sucesso. Isso se resume ao fator de variação da equipe (tamanho, experiência, etc.) e fator de variação da organização (cultura, investimento, etc.).

Compartilhando uma experiência onde se tentou implementar um processo muito prescritivo, lembro-me que toda reunião que a equipe fazia era necessário criar uma ata de reunião, ou seja, inicialmente a equipe consumia cerca de 20 minutos para elaborar a ata e depois, cerca de 45 minutos para finalizá-la, descrevendo tudo que foi falado, providências, pendências, etc.

Não estou fazendo apologia sobre não usar a ata de reunião, tudo tem prós e contras, porém, para nossa realidade naquele momento era desnecessário e improdutivo, entretanto, a equipe era pressionada a seguir fielmente a metodologia implantada.

Minha crítica está associada ao "conjunto mínimo" de práticas exigidas nestes processos, e mesmo não sendo tão produtivas, fazem parte do contexto de trabalho da equipe, e com o tempo, consome sua motivação e produtividade.

Então, qual é o processo ideal para minha equipe?

Há um ditado no mundo ágil que diz que menos é mais. Está em dúvida? Falta experiência? Foge do controle de riscos? Etc, etc. Então, inicie com menos e acrescente a medida do possível.

Onde o Scrum pode ajudar sobre o assunto?

O Scrum diz que a equipe de desenvolvimento deve ser autorizada pela organização a conduzir e gerenciar sua forma de trabalho e isto sem sofrer influência de qualquer pessoa externa a equipe. Então, eu já consigo enxergar um início de produtividade e motivação aqui, pois ao invés de ser pressionada pela organização, a equipe começa a escolher seus próprios meios e ferramentas para conduzir seu trabalho. Em outras palavras, é o início da construção de suas próprias práticas e métodos para atingirem seu objetivo dentro do processo, que com o tempo, aumenta gradativamente a maturidade da equipe.

Outra melhoria (eu o considero como melhor) é que a equipe dentro do Scrum se beneficia de oportunidades (retrospectiva da Sprint) de discutirem/avaliarem a forma como foi conduzido seu trabalho com propósito de melhorar os pontos negativos para o próximo ciclo (Sprint). Ou seja, diferentemente como vimos mais acima onde a equipe é obrigada a conduzir o trabalho dentro de um processo mesmo não tendo bons resultados, no Scrum a equipe decide entre si em utilizar ou não um determinado artefato, ferramenta, processo, etc. No meu exemplo, a equipe poderia decidir em não usar a ata de reunião, ou escolher/criar uma nova prática para tal.

Em meu ponto de vista, ninguém irá escolher a melhor forma de trabalhar do que quem realmente põe a "mão na massa". Isso eleva a satisfação do time no trabalho, cativando sua motivação, pois se inicia também uma relação de CONFIANÇA, o que é um ponto chave para a motivação.

 


Post de autoria do autor convidado: Rafael Amaral.