O maior objetivo de um planejamento bem feito é obter sucesso no final da Sprint. E ter sucesso significa ter todas as histórias aprovadas pelo PO na reunião de revisão. Contudo, existem diversos fatores que podem atrapalhar o sucesso da equipe. É preciso aprender com erros anteriores para que os planos não acabem de forma ruim.
Ao longo de nossas Sprints, vimos que nossas histórias com estimativas mais altas possuem um percentual de reprovação maior em relação às histórias de estimativas mais baixas. Para comprovar isso, realizamos um levantamento de dados e analisamos todas as histórias que já participaram de uma Sprint em dois projetos, que chamaremos de A e B. Utilizando esses dados, geramos gráficos que representam, para cada estimativa, o percentual de histórias que foram reprovadas. Para o projeto A, foram analisados 466 histórias e, para o Projeto B, 270.
Conforme os gráficos, no projeto A, histórias de 0, 1 e 2 pontos de estimativa possuem menos do que 10% de reprovação. Para histórias de 3, 5 e 8 pontos, o percentual de reprovação aumenta, ficando entre 20% e 30%. Já as histórias de 13 pontos possuem quase 60% de reprovação. Para o projeto B, histórias de até 5 pontos possuem menos do que 15% de reprovação, enquanto que histórias de 8 e 13 pontos já superam os 30%.
Diante desses gráficos, analisamos mais detalhadamente os motivos de reprovação de histórias com estimativas altas. Observamos que um dos motivos é a falta do entendimento completo do que deve ser feito. Histórias com estimativa de desenvolvimento baixa costumam ser melhor detalhadas, o que facilita o desenvolvimento. Já histórias de estimativa mais alta possuem mais chances de gerar dúvidas acerca de sua implementação durante a Sprint, o que pode comprometer o trabalho.
Para evitar que uma história possa comprometer o sucesso da Sprint, achamos válido verificar se é possível dividí-la em histórias de estimativa menor. A divisão do que deve ser feito em histórias pequenas permite uma discussão maior sobre o que o PO deseja e sobre como a equipe irá trabalhar. Além disso, com histórias menores, o gráfico de burndown representa de forma mais clara o progresso na Sprint.
No caso do projeto A, é preciso ter atenção com as histórias de 13 pontos, que possuem um histórico de quase 60% de reprovação. Com a disponibilização desses dados, a equipe e o Product Owner passam a saber do risco que representa a inserção de uma história de 13 pontos na Sprint e devem fazer o possível para conseguir realizar a divisão em histórias menores e mais detalhadas.
A partir dos dados de reprovação, passamos a planejar Sprints com um conhecimento maior em relação aos riscos que ela pode ter. Verificamos que, em nossos projetos, as Sprints que possuem muitas histórias de estimativa baixa possuem maior probabilidade de sucesso do que as Sprints com poucas histórias de estimativa alta.
É importante para um projeto conhecer o seu ponto de corte da estimativa. Nos nossos projetos a pontuação de corte é o 13, mas esse número varia de acordo com a maneira que as equipes estão acostumadas a pontuar suas histórias. Histórias com estimativas acima do ponto de corte apresentam um risco de reprovação muito grande e é importante que sejam divididas. Isso pode ser percebido mesmo sem um levantamento de dados, com o passar das Sprints, através das reuniões de revisão.
Uma análise das Sprints passadas permite uma melhor compreensão dos riscos existentes no projeto. Mesmo sem uma análise tão detalhada, a equipe pode perceber determinadas situações e fazer o possível para evitar esses riscos. Com isso, a chance de obter sucesso ao término da Sprint será cada vez maior, diferentemente das tentativas do Pinky e do Cérebro.